domingo, 10 de março de 2013

desafio











Desafiaste-me a falar de mim…
A descobrir, o traço, a marca d’água, discretamente impressa nas páginas da minha história.
Desafiaste-me a um frente a frente com o efémero …
A procurar a essência do que guardo, da energia que me move, do lugar que tenho e de onde quero estar… do que fiz e do que me falta fazer…
Tarefa difícil esta de desvelar o essencial, de fazer opções, de perceber o que me é imprescindível para viver.
Sabes… durante muito tempo vivi no limbo.
Perdida entre o medo de dormir e de não dormir…  adormecida…

“Não com o tempo, mas a seu tempo” fui sentindo a urgência de despertar, fui-me desenrolando, abrindo ao sol e ao vento, limpando o pó sobre as dores. Aceitando (!?) as inevitabilidades que a vida me trouxe.
Devagarinho ajeite as assas frágeis, desenhei rotas, ensaiei o voo, permiti-me planar, arrisquei voar em brisas suaves, em ventos ciclónicos, em círculos, em espirais, em reta…
É tão bom querer voar!

No voo acontecem encontros. Estremeço na descoberta do outro, na descoberta de mim.
Deslumbro-me (tu sabes!) sempre que olhos, sorrisos, gestos, palavras, sentires se cruzam.
Os encontros…  o encontro dura uma vida ou um momento e eterniza-se. Fica tatuado na minha pele.

Alguém disse que não há palavras para dizer o silêncio, creio que também não há para dizer o encontro...
Encontro é quando o riso explode no mesmo segundo, quando as lágrimas não correm sozinhas, quando o silêncio tem sons e cheiros…

Às vezes, o encontro, acontece inexplicavelmente, outras deseja-se e não acontece, outras ainda distraímo-nos com o passado ou o futuro e quase o perdemos…

Tu sabes mas importa dizer-te (dizer-me)  que depois do encontro se renasce, às vezes de um útero, nutrida… outras de cinzas, qual fenix… renasce-se.

O encontro é-me essencial.
A entrega é o meu oxigénio.
A partilha, a palavra, o sentir são o meu alimento.
Aqui, nesta Galáxia de possibilidades, me demoro, aqui vivo, aqui cresço… aqui me deslumbro.
Aqui hei-de cumprir-me.

anaclaudia