quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

há um tempo











há um tempo
há um momento em que se perde o medo
há um gesto, um passo discreto no caminho que nos leva a novos lugares 
há infinitas possibilidades quando deixamos os velhos caminhos
há dias em que abandonamos as roupas usadas...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

amores e paixões



Numa conversa de há pouco, trocava ideias com uma amiga sobre o tempo certo para as relações, sobre estar preparado, ir com calma, não fazer planos...
Todos sabemos que não há regras, e que o caminho se faz passo a passo.
Mas também não faz mal se vivermos na urgência, no querer tudo, nos planos extemporâneos.
Contrariando Pedro Abrunhosa quando diz " Há que ter calma não dar o corpo pela alma", pode ser igualmente bom não ter calma, dar o corpo e a alma... depois logo se vê. 
Não consta que se tenha morrido de amor, mas todos já vimos como quem ama fica mais vivo.

A propósito, este é um texto imperdivel...


Houve um tempo em que, nos amores e nas paixões, se falhava de forma espectacular. Com baba e ranho. Dava-se tudo. Saíamos rasgados de pele e coração. Valia sempre a pena, mesmo quando perdíamos o chão.

Os erros, as faltas, as vertigens, o pé à beira do abismo existiam para nos lembrarmos de que somos humanos. A regra era cair e levantar, prontos para outra depois de lutos intensos, sofridos, partilhados. Agora tudo isso existe sob a forma de prevenção. Para nos lembrarmos do que não devemos fazer, dos riscos que não devemos correr, contra o vírus da solidão.

Fomos ficando higienizados. Da alma à cama. Uma espécie de “se conduzir, não beba” para evitar os males do coração. Como se pudéssemos dizer “se amar, não se magoe”.

Com o passar dos anos, aprendemos a contornar os sintomas a bem da decência, da pose e da anestesia geral ou local, conforme as necessidades. O importante é não dar parte de fracos.
O ciúme é uma coisa moderna, para ser compreendida. A discussão acalorada está fora de moda.
A vingança é um prato que não se serve frio nem quente nas relações mais conceituadas. É coisa do povo, ementa de vidas de tasco, entre um tiro de caçadeira e um facalhão de meter respeito.

O civismo entrou definitivamente na nossa intimidade para amansar os corpos, os gestos, as palavras. A postura é um fato de pronto-a-vestir que usamos para entrar e sair das relações. Talvez até já nem se rasguem roupas quando chega a hora. O sentimento não ferve, a aprendizagem das loucuras que fizemos é renegada e a história do que fomos não tem disco duro porque a caixa de mensagens é mais prática e descartável. De resto, já não há cartas para guardar porque ninguém as escreve. Quem as leria, de resto, se tivessem mais de 140 caracteres?

Como num poema do Eugénio, já não há nada que nos peça água. E estamos como ela: insípidos, inodoros e incolores. Leves. Capazes de ir do tudo ou nada sem efusão de sangue. Deve andar a escapar-nos o momento em que deixamos de olhar a vida nos olhos e a desregrada infinidade de coisas que vinha junto com ela.


Miguel Carvalho
in Revista Egoísta

respirar
























"Podia fazer mil e uma coisas, dar-te mil e um conselhos, mil e uma palmadinhas nas costas. Mas não: prefiro dizer-te, como te disse, para respirares. Para sentires o que tens e o que não tens como provas indubitáveis de que tens tudo aquilo de que precisas. Porque, no fundo, tudo aquilo de que precisas é um corpo para respirar e um mundo para viver. Pode ser uma merda, pode não valer a ponta de um corno. Mas é o mundo: o teu mundo. Aproveita-o. E respira. Até que te falte a respiração."

Pedro Chagas Freitas




Gosto destas palavras, gosto da ideia de que precisamos apenas de um corpo e respirar...
Talvez porque este seja um momento em que o simples, o elementar, o sentir se sobrepõe a milhares de pensamentos, reflexões elaboradas e à infinita  procura de sentido...
Talvez porque as coisas, que vamos guardando, nos dão segurança mas também nos amarram.
Talvez porque tenho urgência de leveza, de que a vida seja leve.
Talvez porque esvaziar a mente e cuidar-me sejam as palavras para 2014
Assim tudo o que preciso é um corpo e respirar...

Assim é...




quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014














 
Gosto de dar nome ao tempo gosto de  pensar no tom a  imprimir nessa tela branca que é um ano  por estrear.
Gosto de me deter sobre palavras, sobre imagens, de procurar na expressão, de outros sentires, o eco do meu.
Gosto da construção estética de um "visual board".
Gosto de um olhar continuo no tempo sobre esse quadro.
Gosto de perceber as alterações, ao sentir,  que os dias me trazem.
Gosto desse mar de expressão... do movimento continuo das ondas...
 
Em 2013 as ondas foram de aquisições, foi um ano de lista de desejos, foi tempo de me nutrir.
2014 é tempo de viver de forma leve e focada, de cuidar de desenhar a sorte.
Vou desenhar a sorte....