Gosto da possibilidade de questionar.
Gosto da ousadia da pergunta.
A duvida é um nó na garganta que impede a palavra, é uma dor imensa inexplicável, que tolhe os movimentos e a pouco e pouco petrifica.
Nem sempre a resposta é preto no branco, mas mesmo o talvez, como resposta, pode ser tranquilizador e até uma janela de possibilidades.
Querer saber, é já, estar preparado para a multiplicidade de respostas.
Recordo-me um livro do pedagogo João dos Santos que que tem um titulo curioso "se não sabe porque é que pergunta", completamente ao contrário do ensino dos bancos de escola em que a regra é, se não sabe pergunte.
O titulo vem de uma das historias de crianças ali contada, sobre a confiança que precisamos ter para poder colocar questões.
É seguro que nem sempre sabemos a resposta, é seguro que que as nossas expectativas podem não se concretizar, mas ainda assim é a certeza de que podemos viver com a resposta, que nos permite perguntar, é com a certeza de que não haverá um desmoronamento que ousamos fazer a perguntar..
Ela ousou perguntar:
"meu querido, neste confronto com quem eu sou, e sabendo antecipadamente a resposta, pergunto,..., ainda assim pergunto:
que outra mulher te disse tão claramente o sentir por ti,
que outra mulher te disse, fizeste a minha pele viver.
que mulher te disse sem rodeios sem esperar confirmações, que te quer, na quantidade certa, sem ser ridícula, ou vulgar.
que outra mulher aceita o teu não querer.
que outra mulher, que outra mulher se entrega de corpo e alma, morre de dor, e de novo ama num jogo de verdade e consequência, que outra mulher ?."
ao silêncio seguiu-se "devo confessar que nenhuma..."
Não sabemos se, como nos filmes, serão felizes para sempre, mas percebemos que esta relação foi construída sobre fortes alicerces, que aqui a duvida não petrifica.
Gosto de histórias com alma.
Esta soube-me pela vida.