Há dias tranquilos, que correm sem sobressaltos, sem nada a assinalar. Outros são cheios de surpresas, trocam-nos as voltas, viram-nos do avesso. Por vezes percebemos tudo. Muitas vezes temos duvidas.
Por vezes a vida é o quarto escuro, outras a claridade que o invade.
Hoje o meu dia não foi de descobertas, já a noite envolveu-me num abraço, como se tudo o que é importante estivesse próximo, serenando a ausência e a saudade.
Há dias assim basta um abraço.
Há dias em que acordamos
e percebemos tudo
o recorte das cidades no horizonte
a distância que há nos caminhos que rasgam os corações
como se fossem searas de trigo
o nome de certas coisas que só sentimos num abraço
depois percorremos a mão pelo granito
como se fossemos o tempo
e como se a vida não fosse mais do que uma claridade
que invade pela frincha da porta o quarto escuro
é então que descobrimos
num desses rostos com que cruzamos o olhar
que a vida podia ser outra
e que seríamos felizes num outro sorriso
se lhe entregássemos inteiros os nossos lábios
há dias assim
em que acordamos e percebemos tudo
como se tudo nos estivesse imensamente próximo
como se cada dia nascesse e morresse num abraço
como se a vida coubesse num poema.
José Rui Teixeira
o recorte das cidades no horizonte
a distância que há nos caminhos que rasgam os corações
como se fossem searas de trigo
o nome de certas coisas que só sentimos num abraço
depois percorremos a mão pelo granito
como se fossemos o tempo
e como se a vida não fosse mais do que uma claridade
que invade pela frincha da porta o quarto escuro
é então que descobrimos
num desses rostos com que cruzamos o olhar
que a vida podia ser outra
e que seríamos felizes num outro sorriso
se lhe entregássemos inteiros os nossos lábios
há dias assim
em que acordamos e percebemos tudo
como se tudo nos estivesse imensamente próximo
como se cada dia nascesse e morresse num abraço
como se a vida coubesse num poema.
José Rui Teixeira