sábado, 16 de março de 2019

50






Aos 50...
Sou grata pela teia de afetos que fui tecendo devagarinho.
Nela, há amigos de infância e de crescida, da escola e do trabalho, de agora e de sempre. 
Há amigos de perto e de longe... de várias latitudes e longitudes
É uma teia de fios diferentes, de imensas cores e resistências...
Uns dão-me segurança para os voos, outros acolhem-me nas quedas. Outros puxam-me nas subidas difíceis... 
Outros limpam as lágrimas de chorar e de rir.
Soube-me rodear de gente boa, gente fora da caixa, gente normal, gente de pés na terra e gente de cabeça na lua. 
Todos tornam o meu horizonte maior, todos me acrescentam, me tornam melhor... 

anaclaudia

sexta-feira, 1 de março de 2019

abraço VIII





Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. 
Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos. 
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que dele fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes. 


Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum