quarta-feira, 17 de julho de 2013

J'taime











Que mulher é esta de imagem serena, coração nas mãos, e sentidos à flor da pele?

Na sua pele colam-se desenhos estilizados, interpretações de olhos que não se prendem no real, olhos que redesenham e criam formas.
Nas mãos, o coração, seguro, acariciado, leve, como quem ampara um pássaro no seu primeiro voo e lhe segreda: podes voar!
Que outros segredos lhe dirá?... quais serão as palavras de encorajamento?
Naquele coração vermelho vivo, guardam-se vitórias, dores, amores, cicatrizes, sons e sonhos, vitórias e perdas, lágrimas, gargalhadas e tantas outras coisas sem nome.
Quantos corações batem naquele coração?
Que emoções o tornam apressado, como quem corre para não perder o comboio, de regresso a casa?
Que (desa)afectos o fazem querer parar, o gelam, o adormecem?
O que lhe rouba a inquietude?
O que o faz bater em compassos monocórdicos e certos como um relógio suíço?
Que peito é este, que se abre, que não é uma redoma de vidro, que não é uma caixa forte, que deixa o coração apanhar sol, gelar, ver a luz e a noite?
Que voz é esta que não pára de sussurrar palavras grávidas de sentidos?
De onde vem a leveza do gesto que não prende, que é parapeito de janela?
De quem é este rosto sem traços e sem idade, e ainda assim, cheio de expressão?
Que sonhos se escondem, que sonhos aconteceram?
O que guia os seus passos, a sua demanda?
Je t’aime, …
Je t’aime é um sussurro, é um motor, é uma confissão, uma despedida, um namoro…
Je t’aime é um caminho, uma construção…

Esta mulher lê, de coração na mão, quem lhe permite voos altos, com loopings, rodopios de perder a respiração…
Sussurra je t’aime à vida e àqueles que dão asas ao coração que se deixam planar de peito aberto pelos afectos….

anaclaudia