J'taime |
Que
mulher é esta de imagem serena, coração nas mãos, e sentidos à flor da pele?
Na
sua pele colam-se desenhos estilizados, interpretações de olhos que não se
prendem no real, olhos que redesenham e criam formas.
Nas
mãos, o coração, seguro, acariciado, leve, como quem ampara um pássaro no seu
primeiro voo e lhe segreda: podes voar!
Que
outros segredos lhe dirá?... quais serão as palavras de encorajamento?
Naquele
coração vermelho vivo, guardam-se vitórias, dores, amores, cicatrizes, sons e
sonhos, vitórias e perdas, lágrimas, gargalhadas e tantas outras coisas sem
nome.
Quantos
corações batem naquele coração?
Que
emoções o tornam apressado, como quem corre para não perder o comboio, de
regresso a casa?
Que
(desa)afectos o fazem querer parar, o gelam, o adormecem?
O
que lhe rouba a inquietude?
O
que o faz bater em compassos monocórdicos e certos como um relógio suíço?
Que
peito é este, que se abre, que não é uma redoma de vidro, que não é uma caixa
forte, que deixa o coração apanhar sol, gelar, ver a luz e a noite?
Que
voz é esta que não pára de sussurrar palavras grávidas de sentidos?
De
onde vem a leveza do gesto que não prende, que é parapeito de janela?
De
quem é este rosto sem traços e sem idade, e ainda assim, cheio de expressão?
Que
sonhos se escondem, que sonhos aconteceram?
O
que guia os seus passos, a sua demanda?
Je
t’aime, …
Je
t’aime é um sussurro, é um motor, é uma confissão, uma despedida, um namoro…
Je
t’aime é um caminho, uma construção…
Esta
mulher lê, de coração na mão, quem lhe permite voos altos, com loopings, rodopios
de perder a respiração…
Sussurra
je t’aime à vida e àqueles que dão asas ao coração que se deixam planar de
peito aberto pelos afectos….
anaclaudia